quarta-feira, 25 de julho de 2012

ESPAÇO INVESTIGAÇÃO (8)


HISTÓRIA TOPONÍMICA DE VILA DO CONDE

Notas que ajudam ao conhecimento histórico das ruas, avenidas e praças da Cidade. No espaço – vamos de Norte para Sul pelo núcleo urbano antigo. No tempo – vamos do nome que tem no Presente para o nome (ou nomes) que tinha no Passado. A numeração romana indica o século em que aparece (ou a que remonta) a denominação do lugar.

CIMO DE VILA (XVI) - Na parte alta da povoação.
LAPA (XX) – Rua de S. Bartolomeu (XVI) que dava para o Campo da Forca.
GENERAL LEMOS (XX) – Rua da Alegria (XIX), Rua Tenente Valadim (XIX), Rua de S. Sebastião (XVI), Rua do Mata Sete (XVI), Rua do Barroso (XVI).
ANTÓNIO FERNANDES DA COSTA (XX) – Rua da Palha (XVI) depois de Santa Luzia, pela Estrada Velha, a caminho dos Bem Guiados. Na sua parte Sul, era a Rua de Santa Luzia (XVI) e o começo da Rua da Misericórdia (XVI).
SANTA CATARINA (XVI) - Vai dar à capela da Padroeira da Navegação.
ANTERO DE QUENTAL (XX) – Praça Velha (XV) da antiga Câmara e Pelourinho com picota.
COSTEIRA – Rua da Costeira (XVII), Rua do Poço (XVI).
D.MENDO (XX) – Rua da Judiaria (XVI) que vinha de Santa Luzia, dando para outras vielas e para a Rua do Tijolo (XVI).
ANTÓNIO SOUSA PEREIRA (XX) – Na sua parte Nascente, era a Rua da Cordoaria (XVI) que vinha de Santa Catarina.
5 DE OUTUBRO (XX) – Rua da Estrada Nova ou Estrada Real (XIX) que dava para Cimo de Vila e seguia para a Póvoa, Rua da Alegria (XIX), Rua de D. Luiz (XIX), passando pela velha Fonte da Vila.
MÓS (XVII) –  Subia do Largo de S. Sebastião (XVII) a caminho de Argivai.
COSTA (XVII) – Rua do Garcês (XVII) na parte Norte, Rua de S.Pedro (XVII) na parte Sul, a caminho de Santa Luzia, Rua da Cadeia (XVI).
SANTO AMARO (XVI) – A configuração contemporânea data do século XIX, prolongando-se até ao rio. Pouco antes da viragem de século, e por algumas décadas, tomou o nome de Rua de S.Francisco dos Milagres, ao descer da Rua das Donas (XVI) até à Calçada de S.Francisco (XVI) e, para Sul, deu lugar à Avenida Campos Henriques (XX), antiga Rua das Hortas (XVIII). Anteriormente ao século XIX, o topónimo indicava apenas sua parte Norte, e descia para a Fonte das Donas (XVI). Na  parte Sul, era a Rua do Monte (XVIII), a Rua do Bispo (XVII), a Rua de Santa Clara (XVI).
JOSÉ RÉGIO (XX) – Rua de Campos Henriques (XX), Rua da Ponte (XIX) na parte Norte, Rua das Hortas (XVIII) na  parte Sul, até ao rio.
DONAS (XVI) - Desce do Mosteiro, com o nome das fidalgas que a ele se acolhiam.
CUNHA ARAÚJO (XX) – Rua Bento de Freitas (XX), na parte Nascente, Rua dos Banhos (XIX).
MISERICÓRDIA (XVI) – Assim chamada na parte Norte, onde está a Casa da Irmandade, era a Rua dos Mourilheiros (XVI), na parte Sul, onde se fazia salmoura para conserva de carnes.
ANTÓNIO JOSÉ DE ALMEIDA (XX) – Largo do Hospital (XIX).
IGREJA (XVIII) – Rua da Lage (XVI) na parte Norte, Rua da Cruz (XVI), na parte Sul.
ARTISTAS (XIX) – Largo 28 de Maio (XX), do Senhor da Cruz (XVII).
VASCO DA GAMA (XIX) – Largo do Senhor da Agonia (XVII), Praça Nova (XVI).
NOSSA SENHORA DE FÁTIMA (XX) – Rua rasgada a Nascente da já desaparecida Rua de Trás do Adro (XIX) e que vai para Norte até à Rua D. Mendo, passando ao lado do Largo da Roda (XIX).
25 DE ABRIL (XX) – Rua do Barão do Rio Ave (XX), Rua de S. João (XIX).
JOÃO CANAVARRO (XX) – Rua Coronel Alberto Graça (XX), Rua Eduardo Coelho (XX).
SENRA (XVI) – Descia da Misericórdia à Rua dos Penedos. Mudou o nome para Rua Elias de Aguiar (XX). Recuperou o topónimo, indicando o arruamento entre o solar da Bajoca e a Rua da Misericórdia, atravessando o Largo Guilherme Gomes Fernandes (XX).
ELIAS DE AGUIAR (XX) – Entre o solar da Bajoca e o Largo do Ribeirinho (XIX), Rua dos Penedos (XVI), na parte Sul.
S. BENTO (XVII) – Rua Joaquim Maria de Melo (XX), Rua do Lugo (XVII) na parte Sul, Rua Direita (XVI), Rua da Cruz (XVI).
RIBEIRINHO (XIX) – Largo da Feira dos Porcos (XX), Cidral (XVII).
JOAQUIM MARIA DE MELO (XX) – Rua do Cidral (XVII), vem do Largo da Bajoca (XVII) entestar com a Rua de S. Bento.
LIDADOR (XX) – Rua de S.Roque (XVII), na parte Norte, Rua Nova (XVI).
FRAGA (XVI) - Rua de empedrado por onde subiam cargas pesadas que vinham da Ribeira (XVI).
ALFÂNDEGA (XVI) – Rua do Cais (XVIII).
LAVANDEIRAS (XVII - Rua onde se lavavam e assentavam as sardinhas.
PRAZERES (XVI) – Ia de S. Bento dar à Calçada de Santo António da Barroquinha (XVII) e ao Beco dos Prazeres (XVII), onde desembocava na Rua do Socorro.
CUNHA REIS (XX) – Largo do Carmo (XVIII), na parte Sul, sobe até ao Largo do Laranjal (XIX).
SOCORRO (XVII) – Rua  da Torre (XVI).
S.TIAGO (XVI) – Calçada que dava para a velha ermida de S. Tiago que seria destruída no século XX.
REPÚBLICA (XX) – Praça Hintze Ribeiro (XX), Campo da Feira (XIX), Terreiro (XVIII), Largo do Submosteiro (XVIII).
FIGUEIREDO FARIA (XX) – Entestando com a Rua Bernardino Machado (XX) que seguia para as Pedreiras, era, na parte do Poente, a Rua  das Azenhas (XVII), que vinha à Rua do Submosteiro (XVI), e dava com a Rua dos Pelames (XVI), onde se curtiam couros.
NUN’ÁLVARES PEREIRA (XX) – Rasgada pelas vielas da cerca que contornava o Mosteiro de Santa Clara, pela banda do Nascente.
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Fontes de consulta:

ARQUIVO DE S. FRANCISCO DE VILA DO CONDE – Livros para se cobrarem os annaes (...). 1732.
ARQUIVO MUNICIPAL DE VILA DO CONDE – Livro de lançamento da Décima. 1643.
CORTESÃO, Armando ( Direc. de ) – Portugaliae Monumenta Cartographica. Lisboa: IN-CM, 1987.
FREITAS, Eugénio A. Cunha  et al – Estudo da Toponímia da Zona Histórica de Vila do Conde, 1981. Inédito.                  
MARÇAL, Horácio – Toponímia Antiga e Moderna de Vila do Conde. “Renovação”, 9 de Março de 1979.
POLÓNIA, Amélia – A Expansão Ultramarina numa perspectiva local. O porto de Vila  do Conde no século XVI. Lisboa: IN-CM, 2007.
PEREIRA, João Maria dos Reis – Antigos valores urbanísticos de Vila do Conde. “Vila do Conde”, 1964.
REIS, João dos – Curiosidades da antiga Vila (...). “Douro Litoral”, Porto, 1950.

sábado, 21 de julho de 2012

Património Cultural em Imagem (XXXVII)


Aqui houve uma fábrica de fiação e tecelagem, à beira do rio, na paisagem industrial que enquadrava a fonte de energia e o caminho de ferro, via de escoamento. Foi de nome Ferreira, mudou para Valfar e acabou Narfil, a fábrica da Estação (assim chamada). Era parque de máquinas em laboração, estrutura viva de operários, agitava os ares com o  silvo da sirene, produzia para bom mercado. Resta a chaminé alta, canudo imenso arranhando o céu, testemunha do passado de progresso que se extinguiu, nos Anos 90, devorado pela adversidade dos tempos de crise e de um inglório destino.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Património Cultural em Imagem (XXXVI)


No Forte de S. João Baptista, construção militar do século XVII, que, na altura, se chamava de Nossa Senhora da Assunção,  há um postigo virado ao mar, entre os baluartes de S. Francisco e de S. João. O arranjo recente que lhe fizeram não prejudica a figura da velha poterna, a que costumavam chamar, desde o tempo dos castelos medievais, a porta da traição. Assim se identificava a porta falsa que se abria na muralha das traseiras, por onde fugiam os sitiados, em caso de perigo extremo.

segunda-feira, 2 de julho de 2012

ESPAÇO INVESTIGAÇÃO (7)

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O QUE VILA DO CONDE PERDEU

Aqui vão trechos de antiga data, a lembrar património que Vila do Conde tinha e já não tem – não por culpa do progresso mas por incúria dos homens.

1. O ARCO DE FIGURA TRIANGULAR

Houve nesta Vila um arco de pedra de cantaria florado com três cruzes ornadas de lises, que era de figura triangular, e seria elevado sobre um pedestal de pedra lavrada já com o lavor gasto ou inscrição que tinha, e esta base se firmava sobre uma penha alta, virada ao meio dia, tudo disposto em um sítio eminente: e a este arco, ou figura chamavam os antigos Vila do Conde.
                                  
Memórias Paroquiais, ano de 1758.

2. O NICHO DO SENHOR DAS PAUTAS

A passagem sobre o Ave, entre esta Vila e a margem oposta, era feita por uma ponte de madeira que se construiu depois que desabou a grande ponte de pedra. Anteriormente (...) era feita por uma barca... Junto do Cais das Lavandeiras ou do lajedo onde abicava a dita barca, do lado da Vila, estava um nicho com a imagem do Redentor, denominado Nicho do Senhor das Pautas, porque nas costas daquele nicho costumavam afixar-se as pautas com os preços e regulamentos da passagem.

A Razão, 12 de Junho de 1901.

3. A FONTE DA VILA

... a fonte da Vila que existia já no século XVI, próxima da actual rua de D. Luiz e abaixo da capela de Santo Amaro (...) e que foi mudada para outro local na mesma rua de D. Luiz, recolhendo-se a sua pedra d’armas num dos armazéns do extinto hospício do Carmo, onde ainda se conserva.

Commercio de Villa do Conde, 29 de Dezembro de 1907.

4. O HOTEL DA TERESINHA

Quanto a hotéis, também Vila do Conde os tem em condições muito superiores aos das demais terras d’esta ordem. Entre estes, destaca-se o Hotel Central (...) instalado n’um prédio, expressamente construído para esse fim, recebendo hóspedes tanto na quadra balnear, como durante todo o ano.(...) A sua situação, num local dos mais centrais da Vila, passando-lhe em frente a linha americana (...) assegura-lhe o poder ser frequentado tanto pelas pessoas que aqui tenham de vir fazer uso de banhos do mar, como por aquelas que aqui venham a passeio ou a tratar de negócios.

Commercio de Villa do Conde, 18 de Agosto de 1907.

5.  A CAPELA DE S. TIAGO

A Capela de S. Tiago há tradição que foi Igreja Matriz, está situada na margem do rio, no vasto areal que a cerca pela parte do mar, é de administração pública e particular da Câmara, que preside na festa do mesmo Santo; e ainda nela se conservam usos que persuadem o sobredito, como são ir a ela a Procissão das Ladainhas, e na missa do dia exercitarem os párocos o seu múnus, como na Matriz, como são publicações de banhos e mais exortações públicas...

Memórias Paroquiais, ano de 1758.

6. O TEATRO AFONSO SANCHES

O edifício situado na rua de Bento de Freitas, tanto interna como externamente, está com todas as condições, e como teatro de província pode rivalizar ou exceder os melhores. (...) O Teatro é elegante, todo levantado em colunas, estando muito bem pintado, vendo-se no tecto pinturas alegóricas. É iluminado a acetilene, produzindo o conjunto um belo efeito. Tem bastantes portas e janelas, e à frente um vasto e elegante salão. (...) Artistas e companhias dos nossos primeiros teatros de Lisboa e e Porto têm vindo a esta Vila representar neste Teatro, e têm sido unânimes em elogiá-lo.

Commercio de Villa do Conde, 31 de Março de 1907.

7. FESTAS DO CARMO

Nos últimos anos têm estas festas sido feitas com extraordinário brilho e grandeza... Se, nos anos transactos, as Festas em honra da Virgem do Carmo foram feitas com muito esplendor e luzimento, no ano corrente, em que estão a cargo do Club Fluvial, florescente associação recreativa desta Vila, já se espera que elas excedam muito as dos anos anteriores, pois só as iluminações contratadas custam algumas centenas de mil réis, e têm de abranger todo o Largo do Carmo, Largo d’Alfândega, Cais das Lavandeiras, Praça Hintze Ribeiro, Rua de D. Luiz, Travessa de S. João e Rua de S. Bento, abrangendo ainda uma grande área da Vila. Além disso, a Procissão há-de revestir grande aparato, e a Regata e outros divertimentos projectados, serão abrilhantados com bandas de música...

Commercio de Villa do Conde, 24 de Maio de 1908.

8. O SENHOR DOS BEM GUIADOS

Outrora (...) a única via de comunicação que havia entre Vila do Conde e a Póvoa de Varzim, era a estrada velha que, passando da Rua de Santa Luzia de Vila do Conde, ia entrar  e terminar na Póvoa, pela extensa Rua dos Ferreiros... Aqui, em Vila do Conde, a distância de alguns metros das últimas casas da Rua da Santa Luzia, para Norte, na mesma antiga estrada, ainda hoje se encontra os Senhor dos Bem Guiados, que consta do vulgar nicho das Almas, precedido de escadório singelo e já algum tanto gasto pelo atrito dos pés, abrigado por um alpendre que assenta sobre quatro pilares, tendo do pilar do lado Sul, na frente, pendente de ferros, a lanterna que a crença dos devotos conserva acesa todas as noites.

Illustração Villacondense, Outubro de 1911.