segunda-feira, 22 de abril de 2013

Património Cultural em Imagem (XLV)


Edifício do século XVIII, a Casa de Burgães, solar dos Carneiro Pizarro, extenso como a Rua da Costa, desde Santa Luzia à esquina que dá para o Largo do Tijolo, foi "uma das casas mais nobres e mais ricas, não só de Vila do Conde como do País" (dizia o comandante João dos Reis). Viria, depois, na roda do aziago destino, a albergar um Tribunal, uma Cadeia, uma Estação de Correios, e serviu de sede a uma Comissão de Moradores, até cair sem préstimo na lástima das portas fechadas e do interior vazio. Há-de vir, um dia, a obra de recuperação. Para que regresse a imagem da sua grandeza monumental. E para que se possa ver, finalmente, o quarto para onde apontava a Dona Beatriz, avó do senhor Pizarro Monteiro, a dizer que ali nascera o José Maria, filho do juiz Teixeira de Queiroz e de Carolina Pereira d'Eça que preferiu ficar incógnita.

sábado, 20 de abril de 2013

Revista da Imprensa Antiga (7)

NO LARGO DOS ARTISTAS

Para o centro da vila, como este largo está situado, temos chamado várias vezes  a atenção das autoridades para a garotada que ali se junta e que se porta de tal forma que não só irrita mas enerva quem ali mora ou passa. Ontem, por duas vezes os matulões se envolveram em desordem e como desfecho recebeu um dos mais matulas, uma facada nas costas, ao fim de várias pauladas. No coração da vila, não se pode tolerar tais espectáculos! Esperemos que a autoridade ponha cobro a semelhantes cenas. Assim como ontem  enviou um para a cadeia, deve continuar a proceder assim para ver se aquele largo fica limpo de tais garotos, que ali envergonham a terra ante estranho que presenceie e ouça os palavrões que eles soltam.
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"O Democratico", de 22 de Janeiro de 1928

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Revista da Imprensa Antiga (6)

IGREJA DE SANTA CLARA

Têm continuado as obras de restauro da Igreja de Santa Clara, e pena é que a verba orçamentada não permita que o número dos operários seja mais elevado. Actualmente está-se procedendo à cobertura da antiga "Casa do Capítulo" com o material que era da "Casa da Visitação" ou "dos Padres" que está quase destelhada completamente. Dentro da Igreja foi levantado o chão que era de pedra e substituído por outro, também de pedra, mas com a simetria necessária. Com a demolição da inútil "Casa dos Padres" ficará a Igreja com o seu belo exterior da parte Norte sem nada a encobri-lo, o qual, depois de reparado convenientemente, mais belezas arquitectónicas patenteará aos olhos dos visitantes.
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"O Democratico", de 6 de Fevereiro de 1931

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Revista da Imprensa Antiga (5)

RANCHOS

Considerando que é mister evitar a bordoada que por vezes tem estado prestes a desabar entre os a paniguados dos ranchos do Monte e da Praça;
Considerando que a União faz a força, como já diziam os bisavós dos avós dos nossos pais;
Considerando ainda que essa fórmula trará benefícios para Vila do Conde, porque a rivalidade neste caso, não dá nada, o Grupo Mangerical decreta em nome da Revolução dos Costumes:
1º Que os ranchos do Monte e da Praça faleçam e se enterrem juntos, colocando-se-lhes na campa uma cruz e o epitáfio seguinte: "Aqui jazem uns zaragateiros que só na morte se puderam unir. Perdoe-se-lhes o mal que fizeram pela intenção com que o faziam".
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"O Mangerico", de 14 de Julho de 1921

domingo, 7 de abril de 2013

Revista da Imprensa Antiga (4)

NA PROCISSÃO DO CORPO DE DEUS

Um episódio interessante.
Pouco depois de principiar a desfilar o cortejo, um dos  cavalos que formavam o estado-maior de S.Jorge espantou-se, empinou-se no ar, o que produziu grande susto entre o povo que formava alas. Uma confusão enorme; um sussurro espantoso; algumas mulheres caíram, outras fugiram. Por fim, o fogoso animal sossegou, e o povo voltou à sua natural serenidade, olhando demoradamente o S. Jorge, com aquele mesmo ar risonho com que o contemplou em todos os anos anteriores, quando ele igualmente empunhava a sua lança, de que o sol quente da primavera agonizante arranca vivíssimas cintilações.
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"Jornal de Villa do Conde", 2 de Junho de 1888

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Património Cultural em Imagem (XLIV)


É o Bairro Piscatório, como lhe chamaram no dia solene da inauguração (1 de Maio de 1944). Dava-se, então, um passo grande de progresso sobre o tempo em que as casas começaram por ser de madeira e alumiadas à luz da candeia (séc.XIX) e, depois, sem ruas ainda, se foram erguendo por entre dunas do areal. Já o Bairro não é o que era, quando ali entrou  a família da São do Abel que foi a primeira dos habitantes. Mas ainda mantém, na geometria do espaço, na construção de pedra, nas portas e janelas da frente, aquela antiga tradição caxineira de "estreitas casas, alongadas em simétricas filas" (A Republica, de 25 de Dezembro de 1910). Passaram os anos, as coisas foram mudando. E dizem os vizinhos que cada um foi fazendo as obras como pôde...